O marco de um ano de
viagem trouxe-me uma saudade intensa do Brasil e um desejo de voltar que
pensei que jamais sentiria. Traçando o caminho (meio maluco como sempre) de
volta, resolvi passar por Berlim, onde tudo começou e uma cidade que
inspirou-me a viajar não apenas mundo afora mas também para dentro de mim.
A própria cidade exala
essa mensagem de “perceba a vida, ela é mais do que o matar-se pelo pão nosso
de cada dia”.
A vida em Berlim
começa tarde, com tempo para longos cafés da manhã e um pouco de amor matinal. Ou
talvez uma garrafa de cerveja se o dia pela frente lhe permitir.
Então a vida em si
começa, geralmente sobre as bicicletas, que dominam a cidade plana e cheia de
parques.
É possível evitar a
rotina mas nem toda rotina é nociva. Descobri que eu a aprecio. Aprecio
encontrar uma casa de chá para frequentar, um restaurante, um lugar para nadar.
O perigo da rotina é
anestesiar-se. Parar de olhar o caminho que se faz todos os dias, pois mesmo o
caminho de todos os dias está repleto de vida, de novidade.
Encontrei em Berlim uma rotina que me agradava muitíssimo e pelos meus caminhos encontrava na street art o alerta de manter-me desperto para o fato de que eu estou vivo nesse momento e nesse mundo
extraordinários.