quinta-feira, 28 de maio de 2009

Fotos

Para atravessar Shandur Pass, deixei o laptop pra tras. Estou fazendo fotos mas preciso dele pra reduzi-las a um tamanho "aceitavel". Espero recebe-lo em breve considerando que o caminho agora estah livre. Lamento o inconveniente.

quarta-feira, 20 de maio de 2009

Ao Encontro dos Kalash (photos)

A viagem até Chitral possui 3 etapas. O ônibus de Gilgit a Barsat, a travessia de Shandur Pass a pé pela neve e um jipe em Laspur ou Mastuj ate Chitral.
Estava pesado demais para uma caminhada de várias horas pela neve madrugada adentro, portanto deixei parte de minha bagagem em Gilgit para buscar a caminho da China. Logo no fim da primeira etapa, assim que paramos no primeiro posto de checagem, percebi que havia deixado o passaporte em Gilgit junto com o laptop e outras roupas. Estava tão determinado a chegar em Kalash Valley a tempo do Festival de Primavera que resolvi me arriscar e seguir adiante. Nos postos de checagem apenas preenchia o livro de registros e não dava muita margem pra que me perguntassem pelo passaporte. Os números que não sabia de cor, como o visto, apenas os inventava.
Assim que chegamos a Barsat no final do dia, um grupo de paquistaneses, que imaginei conhecerem o caminho, colocou suas bagagens às costas e começou a caminhada. Achei que seria recomendável segui-los. Eram umas 7 da noite. No início do caminho, um jegue morto - mau sinal - pensei.
Quando as primeiras estrelas surgiram, fiquei feliz por estar fazendo a travessia a noite. Enquanto a escuridão se intensificava, o céu se enchia de estrelas e o caminho de neve.
Minha mochila estava ainda com uns 20 kg, pesada demais para uma caminhada tão longa. Para iluminar a trilha, apenas o isqueiro chinês com lanterninha que comprei na mercearia em Barsat. Após não sei bem quantas horas de caminhada, estava exausto. Finalmente chegamos ao posto de checagem de Shandur...fechado. A uns duzentos metros parecia haver a silhueta de algumas casas e começamos a gritar. Era o alojamento dos soldados. Caminhamos até lá e eles nos receberam com a comovente hospitalidade paquistanesa. Diante de uma pequena lareira um dos soldados me ajudou a tirar os sapatos encharcados e massageou meus pés até que os pude sentir de novo. Na barra de minha calça a água havia novamente se transformado em gelo. Depois de lareira e chá, eles me arrumaram um saco de dormir. Todos dormiam em círculo com os pés sob uma mesa coberta por um cobertor que se estendia até o chão. Debaixo dela, um braseiro. Apaguei em segundos.
Na manhã seguinte vi o campo de polo quase em frente ao alojamento, completamente coberto de neve. O restante do grupo já havia partido. Segui para Laspur. Mais 2 horas de caminhada, mas agora sob a luz do sol e montanha abaixo. Durante o trajeto, um bando de iaques.
Era pouco provável que morresse na neve aquela noite mas ainda me pergunto se teria abandonado a mochila e o que mais precisaria sacrificar caso não tivéssemos encontrado o alojamento dos soldados.
Passei um dia em Laspur e na madrugada seguinte tomei um jipe para Chitral. Atrasei-me um dia para o festival. Passei uma noite em Kalash e voltei para resolver o problema do passaporte. Tudo certo.
Kalash Valley abrange 3 tribos de um povo com tradições e culturas bastante distintas do resto do Paquistão, na verdade, únicas. São uma raça de cerca de 5 mil pessoas que vivem da mesma forma há centenas de anos.
Por lá, estarei sem telefone e internet. Salto do mundo por um momento para vê-lo girar. Pararei por uns dias no tempo.
Até breve.

O primeiro trecho da viagem, de Gilgit a Barsat, é cheio de paisagens magníficas.


Em poucas horas tive uma amostra do que me esperava adiante.




Barsat, ponto final do ônibus e início da caminhada.


Check post em Shandur.


Shandur, o campo de polo mais alto do mundo. Em julho quando a nve já se foi, um torneio reúne pessoas de todo o Paquistão. A minha dúvida é se fico para vê-lo ou não.

Mais historias plausiveis

Uma tarde na Asia Central o Sol parou no horizonte:
- ...mas antes de me por, um cha por favor.

terça-feira, 19 de maio de 2009

Preocupações

Pouca gente tem andado preocupada como eu.

O que fazer, tendo todas as opções do mundo?

sexta-feira, 15 de maio de 2009

Ilustrações e textos

Pouca gente presta atenção aos espaços vazios que cobrem a maior parte das coisas...e talvez das nossas vidas.


Chitral e o Festival da Primavera

Voltei a Gilgit para ir a Chitral ver o festival da primavera. A neve bloqueou a estrada. Amanhã começo a jornada. O ônibus nos deixará de um lado da geleira e caminharemos 5 horas sobre a neve na esperança de encontrarmos um jipe do outro lado que nos leve ao nosso destino. Outro detalhe é que ninguém soube me informar a data exata do festival. Inshala eu consiga chegar a tempo.

Histórias plausíveis

O blog estava ficando muito sério. Daqui a pouco iam começar a duvidar que sou eu mesmo. De qualquer maneira, tratam-se de histórias plausíveis.

Fast food
Perguntei a um caçador de Hunza que tipo de comida ele gostava. Depois de muito pensar, ele me respondeu que gostava de fast food.
Sem entender bem a resposta, pedi pra que ele fosse mais específico e ele então me disse que cabritos montês ou veados. Explicou-me que quanto mais rápido (fast) o animal, mas saborosa era a carne.

Longevidade em Hunza
As pessoas de Hunza vivem um tempo enorme. Alguns associam a água que desce das geleiras (turva de tantos minerais), outros a vida dura e simples em meio a natureza hostil e aos alimentos orgânicos. Provável é que tudo isso contribua, mas daí surgiu um diálogo interessante com um sujeito bem velhinho que mora na vila.
Perguntei a ele ao que ele associava seus cento e tantos anos (ele, é claro, não sabe exatamente quantos são).
- Sabe, Mr., - ele me respondeu - eu não acredito em doenças. O povo daqui fala muito nessas coisas, mas em 100 anos de vida, nunca vi fadas, gnomos nem micróbios.

Aos amigos paraquedistas

Em Islamabad algo me lembrou os amigos do paraquedismo. Vi duas águias brincando no céu. Uma deixava cair um objeto que a outra mergulhando apanhava em pleno ar. Se revezeram assim por longo tempo. Sabia que vinham contar dos meus amigos paraquedistas. Logo soube que bateram o recorde mineiro de formação em queda livre. Parabéns galera.

domingo, 10 de maio de 2009

Inshala

No Paquistão, ao fazer qualquer plano ou falar de um acontecimento que tem lugar no futuro deve-se usar a palavra "Inshala" ao final da sentença. "Inshala" ao pé da letra significaria algo bem parecido a "se Deus quiser" mas trata-se de algo muito mais abrangente. "Inshala" é uma dessas palavras que não têm equivalente noutras línguas. Parece ter em si a conciência plena da preciosidade do momento presente como a única coisa que realmente nos pertence e a humildade frente a imprevisibilidade do futuro. Alguns feiticeiros dizem que devemos encarar a morte como sábia conselheira e diante do prisma constante de nossa vida perene assumir a responsabilidade da suprema importância de cada mínimo ato. Cada passo sobre a Terra pode ser o último, faça-o com firmeza, confiança e honra.
"Inshala" não denota apenas o desejo no futuro mas o compromisso com o presente.

sábado, 9 de maio de 2009

Informações práticas (Paquistão)

A primeira coisa que é preciso dizer sobre o Paquistão é que o povo é extremamente gentil e hospitaleiro. Extremamente. De uma maneira tão intensa que eu diria que a hospitalidade é uma atração turística do país.
Custo de vida e moeda
A moeda do Paquistão é a rupee paquistanesa. A cotação gira em torno de 100 rupees=1 euro.
É possível encontrar acomodações simples (tipo dormitório) por cerca de 200 rupees por noite e uma boa refeição por volta de 100 rupees.
Língua
A língua pátria é o hurdu, mas cada província (são 4 pelo país) tem seu próprio dialeto. As vezes chegando-se a vários dialetos numa mesma província, como na Região Norte onde há 14 ou 15 diferentes. A diversidade étnica e cultural também varia radicalmente de um lugar para outro. Mas não se preocupe, a hospitalidade é cultura geral e a maioria das pessoas tem ao menos alguma noção de inglês.
Alimentação
O paquistão possui uma grande quantidade frutas. As épocas das colheitas contudo diferem bastante do Brasil. Agora em junho por exemplo se inicia a temporada de manga.
Como país islâmico, não há carne de porco disponível no país. Consome-se muito carneiro e muito frango.
É preciso tomar cuidado com a comida paquistanesa. O tempero apimentado e a falta de controle sanitário podem provocar "efeitos desagradáveis".
É recomendável ingerir frequentemente iogurte e fibras para evitar problemas. E ter sempre a mão Ispaghol, um composto de fibras, disponível em qualquer mercearia paquistanesa.
Talibãs
O problema com os talibãs se restringe a uma pequena área do país que os próprios paquistaneses sugerem evitar.
Capital e outras cidades
Islamabad foi criada com o propósito de ser a capital do país, tal como Brasília. E como esta possui um custo de vida bastante acima do restante do Paquistão. Para quem precisa ou deseja passar algum tempo em Islamabad, uma sugestão é hospedar-se em Rawalpindi, uma cidade satélite a apenas 20 kms.
Lahore é considerada a capital cultural mas é no norte onde estão algumas das Montanhas mais altas do mundo e uma natureza inigualável que faz meu coração acelerar e enche meus olhos de lágrimas.

Para quem quiser mais detalhes, me escrevam ou consultem algum guia de viagem. Com o cuidado de observar que esses livros não são "bíblias" e que a realidade pode mudar rapidamente.

terça-feira, 5 de maio de 2009

Hunza (photos)




A moldura da porta é pra ficar claro o que quero dizer com "vista da porta de casa".

Flor de damasco.

Foto tirada da porta da barraca.


Quatro picos de Montanhas acima dos 7.000 metros. Da esquerda pra direita: Lady Finger, Hunza Pick, Ultar 1 e 2.





Vi o mundo em transformação, escutei a montanha movendo-se lentamente, o coração da Mãe Terra pulsando.


Sorvete sabor montanha.

Osman, um amigo paquistanês de alma Sufi.

Paquistanesas entre árvores de damasco.



segunda-feira, 4 de maio de 2009

Gilgit (photos)

"This is what cool looks like" by Fairy Chris.

Conheci esse cara no primeiro dia acampado na montanha. No dia seguinte ele me apareceu com um pacote de biscoitos de presente e me ajudou a lavar as panelas. Não se pode esperar menos no Paquistão.


Khurshid me hospedou por duas noites em sua casa.

Após o jantar, servido sobre o chão como sempre, seu pai tocou citara para nós.




É dessa maneira apetitosa que os restaurantes atraem os clientes dizendo que têm frango no menu.


A família toda tem que botar a mão na massa.

Rio formado pelas águas que descem das geleiras. Costumava dar uns mergulhos aí na água "congelante".

Colorful Pakistan.

A garotada ajudou a gente a descer com as tralhas da montanha. Gentis como é de se esperar de qualquer paquistanês.

Meu amigo mudo...também eu não falo urdu.


Essa foto transmite bem o espírito paquistanês. Carregados de madeira às costas e com um sorriso na face. Bom humor e gentileza constantes.




Tempo fechado por todo o trajeto de Islamabad a Gilgit. Uma queda d'água sobre a estrada nos obrigou a parar por mais de uma hora.

Abrigos de pastores. Passei duas noites acampado aí.